// Os Morcegos (2006)Estreia | 16 de Novembro na Quinta do Bando, Vale de Barris Texto | Jaime Rocha Encenação João Brites | Assistente Sara de Castro | Música Rui Júnior | Espaço Cénico Rui Francisco | Figurinos e Adereços Clara Bento | Oralidade Teresa Lima | Apoio Musical à Oralidade Jorge Salgueiro | Músico Pedro Calado | Montagem Fátima Santos | Desenho de Som Sérgio Milhano | Operação de Som Heitor Alves | Desenho de Luz João Cachulo e Rui Francisco | Operação de Luz João Cachulo | Execução Carpintaria Alexandre Araújo, António Sacadura Cabral | Execução Serralharia Leonel & Bicho, Lda. | Execução de Figurinos Teresa Louro, Correaria Machado | Assistente Estagiária Kruti Dayalal | Relações Públicas e Divulgação Hugo Sousa | Gestão e Relações Internacionais Raul Atalaia | Tesouraria Cristina Sanches | Acolhimento Manuela Mena | Relações Escolares Lia Nogueira | Fotografia de Cena Ângelo Fernandes, Lia Costa Carvalho | Grafismo Céu Duarte Com Ana Brandão, Bibi Gomes, Horácio Manuel e Nicolas Brites |
Um lugar. Dois espaços-território, separados por um rio e habitados, cada um, por um casal. Idades, rotinas e culturas diferentes fazem com que os casais, praticamente, não convivam entre si. No primeiro dos espaços – uma casa modesta, um quintal com criação e capoeiras – vive um casal de anciãos, com poucas comodidades, embora já com luz e telefone. No segundo dos espaços vive um jovem casal – uma casa moderna, com jardim e antena parabólica – com toda a maquinaria doméstica e profissional contemporânea. No seguimento de um facto extraordinário, inexplicável, dá-se um apagão total. A partir desse momento, os dois casais são obrigados a comunicar entre si para sobreviverem ao estranho acontecimento. O ponto de confluência entre as duas partes dá-se num momento insólito, em que ambos constatam que nenhum deles sabe escrever. Os velhos porque são analfabetos e os novos porque apenas sabem trabalhar com máquinas. A escrita em papel morreu. O conflito desenvolve-se entre duas sabedorias e memórias. A do casal de anciãos: uma cultura aprendida na prática e uma sabedoria secular herdada dos antepassados; e as dos jovens: uma cultura livresca e um imaginário que, embora adquirido por meio das novas tecnologias, se reporta em muito a um acervo cultural comum. A necessidade de sobrevivência faz nascer, entre eles, uma amizade profunda, tornando-se para os velhos um reconfortante paraíso familiar e para os novos a descoberta das coisas simples da natureza que não desejam nunca mais vir a perder. (sinopse do espectáculo) Velho: Só há uma solução. Enviarmos um sinal, uma mensagem, um pedido de ajuda. Rapaz: Os telefones não trabalham, os computadores também não. Velho: Um papel escrito. Ata-se às patas de um pombo e ele seguirá o seu destino até à cidade. Alguém há-de lê-la. Rapariga: Óptima ideia. Velho: Mas há uma coisa. Nem eu nem a minha velhota sabemos escrever. Rapaz: Bem, eu posso escrever. Rapariga: Eu já não sei escrever à mão. Rapaz: Se me emprestar um lápis ou uma caneta. Velho: Cá em casa não usamos, nunca foi preciso. Rapariga: Eu acho que também não temos. Rapaz: Sabe, é tudo pelo computador. Já não me lembro da última vez que escrevi à mão. Velha: Estamos iguais. Uns não sabem, outros já esqueceram. |