// Grão De Bico (2006)

Estreia | 17 de Maio na Quinta do Bando, Vale de Barris
Texto | de João Brites, baseado em O Bago de Milho, conto popular de tradição oral

Encenação João Brites | Espaço Cénico Rui Francisco e João Brites | Música Jorge Salgueiro | Oralidade Teresa Lima | Corporalidade Luca Aprea | Figurinos e Adereços Clara Bento | Assessorias Técnicas André Almeida, Eng.º Lima Ramos | Desenho de Som Sérgio Milhano | Desenho de Luz João Brites e Luís Fernandes | Serralharia Joaquim Pinto, Leonel & Bicho, Lda. | Montagem Fátima Santos e Pedro Ataz | Assistentes Estagiárias Liliana de Sousa, Inês Portugal e Sabina Barros | Produção João Chicó

Com | Fátima Santos e Raul Atalaia
Será possível contar teatralmente as peripécias de uma aventura que intrigue meninos de três anos e homens e mulheres, mais novos e mais velhos, com idêntica e saborosa cumplicidade? Baseado num conto de tradição oral, que nos revela inúmeras versões, este grão de bico é recriado num ambiente intimista, no qual o multimédia estabelece a ponte para lá do (in)visível, entre o espectador e a sua imaginação. Quando nos aproximamos visualmente de algo os detalhes tornam-se mundos. E são esses mundos feitos de grandes detalhes microscópicos que nos ajudam a narrar a pequena história de um grande herói, uma história na qual o corpo se torna universo e o espectador viajante. 

(sinopse do espectáculo)


Mãe: Está quieto! 
Pai: Vai lá... 
Mãe:!
Pai: Quero um copo de leite.
Mãe: As vacas não estão cá.
Pai: !
Mãe: Se tivessemos um filho, pequenino que fosse, podia lá ir.
Pai: Fazer o que eu quisesse?
Mãe: Sim, ir ao leite...
Pai: Ordenhar as nossas vacas?
Mãe: Sim, tirar o leite das tetas.
Pai: E depois, ele guardava as vacas, punha a pastar o boi Moirato, as vacas e os bois comiam a erva, davam leite, vendia-se o leite... Ficávamos ricos.
Mãe: Cuidado com as couves!
Pai: Couves?
Mãe: Sim. Nós comemos couves!
Pai: Pois, as vacas e os bois não podiam comer as couves da horta. E se chovia? Se chovia, o pequenino ía para dentro das folhas de uma couve. E se o boi Moirato comia a couve? Foge! O Grão de Bico não fugia. Ficava na tripa do boi. Morria?
Mãe: Não! Chamava por ti e dizia: Ó pai, mata, mata o boi Moirato que eu te darei por três ou quatro!
Pai: Matava-se o boi? Tínhamos de o procurar dentro das tripas. Uma velha vinha. Limpava na ribeira as tripas do boi. E se o Grão de Bico não se via? E se passava um lobo, agarrava nas tripas e as comia? Ah! Ficava dentro da barriga do lobo! Gritava?
Mãe: Sim, gritava tão alto que as galinhas cacarejavam espavoridas.
Pai: Os donos ouviam. Corriam atrás do lobo e o lobo não comia. Não comia! Coitadinho do lobo, andava magrinho. Corria atrás das galinhas e não as comia. Corria, corria e na corrida se ouvia: pu! E o Grão de Bico saía. Todo sujo... Lavava-se?
Mãe: Lavava-se numa poçinha de água
Pai: Pois, era pequenino. E se vinha a noite? E os ladrões? O que é que ele fazia?
Mãe: Subia a um pinheiro alto e, e...?