// Em Brasa (2008)Estreia | 17 de Abril no Teatro São Luiz, Lisboa Texto | Caio Fernando (entre outros) Dramaturgia João Brites e Amauri Tangará | Encenação João Brites | Direcção de Actores Amauri Tangará | Espaço Cénico Rui Francisco | Figurinos e Adereços Clara Bento | Direcção Musical Tomás Pimentel | Assistência à Direcção Musical Mylene Pires e Múcio Sá | Bailarinos Aelton Silva, Maria Socastro | Cantores Max Santos, Mylene Pires | Músicos Barriga, Janeca, João da Luz, Múcio Sá, Tomás Pimentel | Figurantes Cassilda Figueiredo, Cocada, Emília Gomes, Gouveia, Kátia Luz, Nau Bezerra, Teobaldo Gomes, entre outros | Desenho de Luz João Cachulo | Desenho de Som Sérgio Milhano | Fotografia Duarte Ornelas | Montagem Fátima Santos | Direcção de Produção Tati Mendes | Assistência de Produção Marco França | Assistência à Dramaturgia Miguel Jesus Com | António Terra, Bruno Huca, Fernando Arraiol, Jaime Rocha, Júnior Sampaio, Mané do Café, Pablo Fernandes, Raul Atalaia, Solange Freitas, Susana Cecílio, Valéria Carvalho, entre outros |
"Quando o português chegou / Debaixo de uma bruta chuva / Vestiu o índio. Que pena! / Fosse uma manhã de sol / O índio tinha despido o português.” Osvaldo de Andrade São caminhos que se cruzam ou que avançam lado a lado, que se sobrepõem, que se desenrolam, que abrem passagem, que condicionam como passadeiras, que rasgam a paisagem ou que simplesmente ligam dois pontos - como aqueles que podem ir de mim para o outro - abrindo assim outras tantas novas pontes de um remoto entendimento. Ao longo das gerações sempre estivemos sujeitos à erosão de umas tantas quezílias e de outras tantas lutas; ficaram as memórias e os afectos de outros cheiros, de outras cores. Ainda bem que não somos puros porque seríamos decadentes, e porque é nesta impureza que reside - e assim resiste - a nossa identidade como povo. (sinopse do espectáculo) Naufrago Alfa é meu nome Médica Esse é teu nome de guerra? Naufago Não. Esse é meu nome de paz. Médica Mas a que chamas tu de paz se pressinto em ti (...) inúmeras coisas escuras Naufrago Já te disse tudo não sou nada além de meu nome meu nome é minha essência mais profunda assim como a tua talvez (...) Vim (...) a um só tempo (...) da escuridão e da luz mais absolutas que possas imaginar Médica Não preciso saber de onde vens assim como para me definires ou me compreenderes não precisas de nenhum dado concreto (...) Naufrago Vim duma coisa sem medo mas não sabes que trago em mim o princípio e o fim de todas as coisas sabes por ventura que te farei meu cúmplice e despertarei teu ódio Médica Ansiava por ti como quem anseia pela salvação ou pela perdição porque qualquer coisa poderia me salvar desta imobilidade (...) Naufrago Te digo que o acaso não existe e que aconteci no momento exato. (...) Médica É preciso que qualquer coisa abata esta letargia porque (...) por que não sei o que digo nem o que sinto mas persistirei no que pressinto Sombra da Médica Ainda que tudo isso seja um lento processo de morte (...) Caio Fernando Abreu |