// A Caça (2008)

Estreia | 8 de Maio no Centro Cultural de Guimarães
Texto | A partir da curta-metragem homónima de Manoel de Oliveira
Encenação | Rogério de Carvalho
Espaço Cénico | Rui Francisco e João Britas 
Apoio à Corporalidade | Luca Aprea 
Apoio à Oralidade | Sara Belo 
Figurinos e Adereços | Clara Bento 
Desenho de Luz | João Cachulo 
Desenho de Som | Sérgio Milhano
Com | Crista Alfaiate, Miguel Eloy e Sara de Castro 
A CAÇA encerra uma trilogia teatral iniciada em 2006. Depois de GRÃO DE BICO, ponto de partida que explorou a Voz e o Gesto, e de LINHA DA VIAGEM, a qual percorreu a Pintura de Nadir Afonso e nos hipnotizou com a vertigem da Dança, chegamos agora ao plano da estação com A CAÇA, onde se exploram as sensações surpreendentes despoletadas pelo Cinema.
Com encenação de Rogério de Carvalho (galardoado com o Prémio da Crítica por duas vezes e ainda com o Prémio Garrett e o Prémio Almada), A CAÇA é também o nome da curta-metragem homónima de Manoel de Oliveira, estreada em 1964. Cruzando as linguagens do Teatro e do Cinema, colocamo-nos assim entre o palco e a tela, entre os actores e a projecção, de modo a podermos acompanhar os passeios de dois amigos, dois caçadores sem espingarda que atravessam lameiros e observam a violência quotidiana dos homens, a agressividade da Natureza.


(sinopse do espectáculo)


Roberto: Os homens não deviam matar os animais! Eles até se matam uns aos outros.
José: Porque são maus. Se fossem bons nem os animais matavam.
Roberto: E que comiam?
José: Ora muita coisa. O meu pai diz que há pessoas que se alimentam só de vegetais.
Roberto: Isso é o que ele diz. Põe-lhe um bom bife na frente a ver se ele não come.
José: O meu pai! Tás enganado, o meu pai não gosta de bifes.
Roberto: Ah então é biqueiro, não gosta de bifes. Pois o meu é que nos arranja a carne, ainda ontem comemos umas costeletas. A gente nasceu para lutar.
José: Lutar o quê? O meu pai é que sabe.
Roberto: O meu pai, o meu pai. O teu pai é carpinteiro homem.
José: E que tem? Tem algum mal?
Roberto: Sabes que mais, vai comer bifes de pau.
José: Tens bons dentes roí-o tu.
Roberto: Não te dou confiança.