// Nau de Quixibá (1996)Estreia | 12 de Julho na Fundação Caloust Gulbenkian, Lisboa Produção | Co-Produção da Fundação Calouste Gulbenkian e Teatro O Bando Texto | A partir do A Nau de Quixibá, de Alexandre Pinheiro Torres Encenação | Raúl Atalaia Cenografia | Eric Costa e João Brites Coreografia | Madalena Vitorino Direcção de Actores | Kot Kotecki Musica original | Carlos Vaz de Almeida Figurinos e Adereços | João Carlos Silva, Maria Matteucci Com | Adriana Q., Aires Júnior, Ana Brandão, Antónia Terrinha, Ayres Major, Bibi Gomes, Bucchieri, Carla Bolito, Celsa, E. Santo, Horácio Manuel, Miguel Moreira, Nicolas Brites, Pedro Carraça |
Os escombros de um barco parecem os restos de um avião que encalhou num velho tronco de árvore. Ali ficou para sempre a respiração de um povo que se confrontava com os ares dominadores de uma gente que chegava de longe. A linha imaginária do equador sempre passou por ali. Por isso está calor, o mar ficou tranquilo, a areia é escura e macia, e o velho que sopra é parecido com o que há quinhentos anos trazia escravos de Angola. Agora os gestos, as palavras, negras e brancas, são cânticos e danças de povos libertos. (sinopse do espectáculo) Alexandre: Não tens saudades pai? Pai feitor: A saudade, meu filho?...é património nacional. Cuidadinho com ela. É que a tua geração veio ao mundo para defender os patrimónios herdados. todos: os vivos e os mortos. Que são mais os mortos que os vivos. Alexandre: Para ti tudo deve estar morto. O mundo já naufragou. Pai feitor: És um malandreco, Alexandre...Não. a saudade até se escreve hoje com Sgrande.Não, meu filho, nós, as plebes, não temos direito a tais saudades maiusculadas.O que nos condena é o desterro, aqui ou além...Quando é que se viu um capitalista desterrado?Não Alexandre, não sou defenível por saudades, mas pelo desterro. Vivemos desterrados uns dos outros, o pai dos filhos, os filhos do pai, fora de uma casa comum. O perigo são os desterrados que se tornam adeptos do clube dos Saudosos.. |