// Montedemo (1987)


Estreia | 24 de Julho na ACERT, Tondela
Texto | romance de Hélia Correia (Portugal)

Co-produção | Acarte / Fundação Calouste Gulbenkian
Dramaturgia, encenação e cenografia | João Brites
Composição musical | Luis Pedro Faro
Figurinos | Jasmim de Matos

Com | Antónia Terrinha, Eduarda Dionisio, Fernando Luis, Filipa Pais, Horácio Manuel, Jorge Laurentino, Luis Castanheira, Maria Almeida, Maruga/ Maria Emilia Correia, Paula Só e Raul Atalaia



Há muitos anos dois eremitas viviam no alto de dois montes distantes e todas as noites acendiam fogueiras para mostrarem um ao outro que estavam vivos. Uma noite, um dos eremitas não viu a outra fogueira. Soube então que o outro estava morto. Deslocou-se, assim, ao outro monte para enterrar o ermita falecido. 
Ainda hoje o povo de uma vila que fica entre os dois montes, junto ao mar, se desloca ao outro monte, cercando-o de fogueiras, comento chouriço e peixe assado e bebendo vinho. Vão todos cobertos de capas e diz-se que pares de noivos encostam à terra a boca e a barriga, pedindo para o corpo prazer e harmonia papara o sangue filhos sãos e machos. Algo de estranho se passa nesse monte que faz as pessoas largarem as capas no chão sentindo-se livres e umas tendo os olhos tal carrego de brilho e sofrendo de sentidos tão fino apuramento que cada um se sente luz e fera. 

(sinopse do espectáculo)

 
(…) " Ouvindo o grito, apareceu Milena com o filho nos braços, rodeada por uma zona de serenidade. E tão nítida estava, rão diurna que podiam distinguir-lhe a cor dos lábios e as pálpebras descidas do menino. Mais que o temor, foi essa esplêndida beleza que deteve um instante a multidão.” (…)

(…) "são algas ou serpentes, peixes cegos? Estamos nós balançando, livres de todo o peso, diria até: nascidos sem pecado. Como se fosse a vida leite e espuma, e pelo cheiro eu procurasse o ser amado, e ora de encontro e nunca mais te perco, tomemos nós o mundo por lençol. Aí soam tambores, dança, oh, dança, desenlaça os cabelos, beija, e grita. Escuta longamente o coração. ” (…)