// 1001 NOITES | IRMÃ MAPUCHE (2025)

10 MAI a 08 JUN
SÁB e DOM | 11h e 17h
reservas: bilheteira@obando.pt / 910 306 101
espetáculo ao ar livre | m/6 | 65 min.

era uma vez uma mulher que...
1001 Noites - Irmã Mapuche
uma travessia entre a resistência, o mito e a memória

Narra um conto das mil e uma noites que a Terra e os animais tremeram no dia em que Deus criou o homem. Esta visão admirável de poeta adquire um significado total para nós, que sabemos, bem melhor que o contista árabe da Idade Média, quanto a Terra e os animais tinham razão em tremer.

— Margarite Yourcenar, in O tempo, esse grande escultor, 1981


1001 Noites - Irmã Mapuche é o terceiro espetáculo d’O Bando em torno das 1001 NOITES, antologia de fascinantes histórias preservadas na tradição oral. Esta criação teatral é uma parceria com o Tatuteatro, um coletivo teatral itinerante do Uruguai, sedeado em Cabo Polónio. 
Cruzamos os escritos árabes com a visão ancestral do povo Mapuche, originário das terras que hoje se dividem entre a Argentina e o Chile, para assim encontrar respostas para o futuro, olhando as raízes profundas destas culturas aparentemente distantes.
Ao ar livre, com os pés na terra, tendo uma árvore como elemento central, somos guiados pelas personagens e pelas narrativas inventadas por Xerazade para questionar a origem e a consequência de aceitarmos a expressão: o homem mais poderoso do mundo.

Em 1001 Noites - Irmã Mapuche, propomos um encontro entre os vários seres que habitam a Terra, entre o mito e a geopolítica, entre palavra e resistência. Parte de uma urgência: falar da vida que insiste em florescer apesar da opressão. Repensando as formas como fomos apagando as histórias dos povos que nos antecederam, queremos agora repensar os mecanismos históricos que perpetuam essa violência. 
Através da oralidade, da música, do corpo e da escuta, Xerazade reencontra a sua irmã Mapuche. Juntas, questiona o presente à luz das raízes que este povo ainda guarda: a língua, a terra, os rios, os animais e a sabedoria que brota da floresta. Mergulhamos num mundo em transformação, inde as mudanças climáticas, os colonialismos invisíveis e o Antropoceno moldam novos medos - mas também novas possibilidades de renascimento. 

As crianças estiveram connosco desde o início, partilhando ideias e ajudando a moldar as histórias que Xerazade conta a Xariar para (continuar a) sobreviver. É uma criação pensada com e para a infância e a juventude  ou, como dizem os Mapuche, para as picikeche, as pessoas pequenas, que nos ajudam a pensar como continuará Xerazade a escapar à morte a cada nascer o dia. 
Que histórias escolherá para proteger o povo do ser rei e da sua tirania?

Encenado por João Neca, o elenco do espetáculo conta com Rita Brito (Xerazade) e Fabian Bravo (Xariar) — dupla que percorre toda a tetralogia — e com os artistas do coletivo uruguaio Tatuteatro: Maricruz Díaz (Dinarzade) e Gabriel Valente (Vazir). Criado em parceria com o Tatuteatro, cuja trajetória é profundamente ligada à resistência cultural latino-americana, o espetáculo é também resultado de uma residência artística com Joel Maripil, indígena Mapuche, responsável por integrar ao processo elementos da língua Mapuche.

É um convite para escutar os animais, sentir a terra, partilhar histórias e imaginar futuros possíveis com todos os que ainda sabem ouvir a voz da Terra.


dramaturgia e encenação João Neca
assistência de encenação Juliana Pinho
cenografia João Brites
música Gabriel Valente
figurinos Clara Bento
assistência e execução criativa Isabel Castan
adereços de madeira Diogo Morgado
produção Raquel Belchior
assistência de produção Diogo Ribeiro
desenho e grafismo Maria Taborda
observação e fotografia Rita Santana

com Fabian Bravo, Gabriel Valente, Maricruz Díaz e Rita Brito

uma criação Teatro O Bando
em parceria com Tatuteatro